segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A importância de contar histórias para nossos filhos

A narrativa como memória familiar
Por José Ruy Lozano


A palavra “narrativa” é bastante conhecida. As pessoas de mais idade cresceram ouvindo seus pais e avós contando histó­rias e aprenderam a produzir narrativas na escola, principalmente nas séries ini­ciais. O universo dessa narrativa, no entanto, é pejorativamente associado às fábulas e aos contos maravilhosos, ligado necessariamente ao mundo da in­fância. No mundo dos adultos, informa-se, diz-se, descreve-se, opina-se, twitta-se, fofoca-se, mas muito pouco se narra. Na sociedade contemporânea em particular, o espaço da narrativa no meio familiar en­contra-se cada vez mais reduzido, sitiado pelo distanciamento e pelas novas mídias.

Para esclarecer a importância social de “contar histórias”e seu eventual desapare­cimento no mundo moderno, vamos tentar estabelecer um contraste entre passado e presente, a fim de descobrir a origem e os desdobramentos de muitos dos processos cuja trajetória vivenciamos hoje.

No mundo da tradição, anterior ao mundo moderno, a narrativa associava-se à experiência. O saber feito da experiên­cia do passado e da vivência do mundo se tornava fonte de histórias, passadas oralmente de geração em geração, ou, nos meios letrados, por meio da escrita. O discurso do narrador continha intenções educativas: os enredos guardavam ensina­mentos, justificavam provérbios ou susten­tavam conselhos.

O aconselhamento tradicional­mente se configurava como necessidade social: tratava-se da transmissão do saber adquirido pelos mais idosos e experientes ou por aqueles que retornavam ao lar, que vieram de longe e carregavam conheci­mentos inéditos. Ou mesmo pelos que ja­mais deixaram sua terra e sua gente, mas as conheciam como ninguém.

O narrador mostrava-se, assim, como portador de uma sabedoria especial. Mais que responder diretamente às perguntas, sugeria, por meio de suas histórias, pos­sibilidades de respostas construídas pelo conjunto de sua vida e do passado da co­munidade. À sua experiência mesclava a vivência dos outros, incluindo também em seus enredos o que ouviu ou leu.

Portanto, o aconselhamento elabo­rado internamente, na substância viva da vida, tinha o nome respeitável de sabedo­ria. Se a arte de contar histórias hoje está acabando, talvez a sabedoria esteja em processo de extinção. O mundo moderno preza “notícias”e não “narrativas”. Vivemos em um mundo em que a rapidez dominou nossa rotina, transformando o bate-papo e a troca de experiências sem utilidade objetiva em algo raro ou episódico.

Dessa forma, estamos cada vez mais privados de uma possibilidade que parecia estável e imprescindível: a possi­bilidade de trocar experiências. Adquiri­mos intensamente informações úteis a curto prazo e deixamos de lado o conhecimento experimentado ao longo do tempo. Nesse quadro, há pouco espaço para o encanta­mento. Todos os dias chega pelo noticiário uma enorme multiplicidade de fatos já acompanhados de explicações especiali­zadas.

Mas o encanto e a arte da narrativa estão em não haver explicações prévias. Eventos extraordinários podem ser narra­dos com grande exatidão, mas o contexto psicológico do enredo não é necessaria­mente explicitado ao leitor. A interpreta­ção é livre, e isso faz com que qualquer narrativa atinja sentidos que não existem na mera informação.

Os efeitos dessa configuração social que sufoca a narrativa são nefastos. O pri­meiro deles é a crise da atenção. Se nada é permanente, muito pouco deve ser regis­trado. Informações instantâneas têm dura­ção curta: o interesse por elas é passageiro ou conjuntural. Outro efeito é a diminuição da imaginação. Ela, paulatinamente, tem desaparecido das redações escolares, por exemplo. Quando um professor solicita uma narrativa, esta vem muitas vezes recheada de elementos da realidade mais cruel ou dura possível; o espaço do possível ou do imaginário é drasticamente reduzido, e a consequência disso é, cada vez mais, um enorme conformismo com a realidade que está posta. Não há outro mundo possível, só este, do presente, do agora, objetivo e &ld quo;real”.

Se a informação simplesmente re­produz a realidade, a narrativa pode ter o condão de transformá-la, por meio da imaginação de um mundo diferente, inusitado. Sem a imagi­nação, estaremos condenados a repetir o cotidiano indefinidamente, sem vislum­brar saídas ou respostas que transcendam a realidade impositiva.

E o desaparecimento da arte de con­tar histórias na família? Qual o papel da me­mória, do passado, dos mais velhos, na educação dos mais jovens? Devemos res­saltar que uma das funções da narrativa é produzir a lembrança, perpetuar o que foi, imprimir alguma marca duradoura no mundo. A simples existência não garante a preservação do que fomos ou pelo que passamos. A memória familiar só terá es­paço no futuro das crianças pelo cultivo das histórias dos mais velhos, dos antepas­sados, representativos do sentido da pre­sença e da inserção dos membros da família no mundo.

Além disso, o cultivo da narrativa em família engrandece de sentido o que vivemos, pois os fatos eventualmente nar­rados vêm atravessados pela experiência de quem os conta, o que os enriquece e os torna mais densos de significado. A narra­tiva conserva suas forças por muito tempo, permanecendo na lembrança muito além do dia em que foi produzida. Se quere­mos ensinar algo, o exemplo e a narrativa, portadora de saberes e plena de vivência coletiva –– de cultura, portanto ––, são os grandes veículos com os quais podemos contar.


José Ruy Lozano é professor do Ético Sistema de Ensino (www.sejaetico.com.br), da Editora Saraiva, e licenciado em ciências sociais e letras pela Universidade de São Paulo (USP) e estará no programa LÁ EM CASA de amanhã, 27/9/2011, falando sobre o tema.

Para assistir acesse www.alltv.com.br

Lá em Casa - o programa que discute os dilemas da maternidade no século XXI
Apresentação: Vanessa Caubianco
Exibição: terça-feira, das 16h às 17h, ao vivo
Realização: AllTV

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Bullying NÃO!!


Agressão, medo, assédio, terror, discriminação, dominação, ofenças...são muitos os adjetivos associados ao bullying e, infelizmente, nenhum deles é bom.
Num projeto destinado a informar alunos e professores, o filósofo e jornalista Silvio Costta escreveu o livro Antibullying - uma estratégia para aprender e prevenir.
Quem são os alvos, como evitar, o que a escola pode fazer, como os pais devem agir, os prejuízos para a vítima e outras questões serão respondidas ao vivo por Silvio no programa LÁ EM CASA da próxima terça-feira (13/9).
Você quer saber mais sobre o assunto? Então participe do chat. Acesse www.alltv.com.br, cadastre-se e pronto!

LÁ EM CASA - o programa que discute os dilemas da maternidade no século XXI
Produção e apresentação: Vanessa Caubianco
Exibição: toda terça-feira, às 16h
Realização: AllTV - a TV da internet

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

As Pérolas dos Meus Tesouros


Todo mundo pronto para ir para a escola, vamos para o hall do elevador e eu peço: filho, chama o elevador para nós descermos para a garagem!

E meu filho todo feliz grita bem alto: ELEVADOR!!!

Parece piada mas não é, ele faz isso mesmo.

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Feriado em São Paulo fomos andar de bicicleta na ciclofaixa. Manu na cadeirinha da minha bike e Patrick com o papai.

O semáforo fecha e aquelas mocinhas que ficam com as bandeirinhas de "pare" dizem para a Manuela: bom dia!

E a Manu devolve pra moça: Bom dia, hoje eu vou almoçar na casa da minha tia Simone!

Não posso mais ter segredos em casa...

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É a inocência...e é linda...E poder presenciar esses momentos das vidas dos meus filhos, para mim, simplesmente não tem preço.

E vcs, o que sentem quando ouvem essas "pérolas" dos seus filhotes?

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

É possível educar sem palmadas?

Além da criação da "Lei do Tapinha", que estabelece o direito da criança e do adolescente a não serem submetidos a nenhuma forma de punição corporal, o governo brasileiro deveria também investir em ações que esclarecessem aos pais o porquê da criação da lei, quais os prejuízos para a criança que leva a "palmada" e, acima de tudo, as alternativas às atitudes agressivas dos pais.
Parece utópico?
Pode ser, mas o LÁ EM CASA está fazendo a sua parte, e amanhã 6/8 você poderá conversar ao vivo e tirar todas as suas dúvidas com a doutora em psicologia pela Universidade de São Paulo e autora do livro É possível educar sem palmadas?, Luciana Maria Caetano, que vai falar sobre AUTORIDADE,
REGRAS e LIMITES,
OBEDIÊNCIA e DESOBEDIÊNCIA,
AMEAÇAS,
BARGANHAS,
RAIVA,
PACIÊNCIA,
EXEMPLOS,
CASTIGOS e
O PODER DO DIÁLOGO ENTRE PAIS E FILHOS.

É possível educar sem palmadas? é um livro altamente recomendável e esclarecedor para pais e cuidadores.

No segundo bloco saiba dicas de lanches saudáveis para seu filho levar na escola e ainda o que ele deve e não deve comer em cada idade, com a nutricionista Melissa Lippe, da Renutrir Nutrição Materno Infantil.

Quer saber mais? Então assista ao programa LÁ EM CASA de amanhã, que começa às 16h no ww.alltv.com.br, e participe através do chat!

Vejo vocês lá!


Lá em Casa - o programa que discute os dilemas da maternidade no século XXI
Produção e apresentação: Vanessa Caubianco
Exibição: toda terça-feira, ao vivo, das 16h às 17h
Realização: AllTV