Susan Reid, da Clinica Tavistock
Imago
Introdução
A partir de dois anos a
criança deixa de ser um bebe que está aprendendo a andar e passa a ser um
menininho ou uma menininha, e sua personalidade começa a se estabilizar.
Com dois anos de idade a
criança é capaz de fazer muitas coisas que nós adultos fazemos, por isso é
muito fácil criarmos expectativas insensatas com relação a ela e passarmos a
trata-la como um pequeno adulto.
Anos mais tarde podemos
ter um choque ao vermos uma fotografia do nosso filho aos dois anos de idade.
Ele nos parecerá tão pequeno, pouco mais que um bebe, que seremos capazes de
tremer ao lembrarmos o esperávamos dele...
Amando seu filho
Quando a criança está com
dois anos, a maioria dos pais já conseguiu superar suas frustrações e já se
acomodou às alegrias e às tristezas de viver com o filho que tiveram.
O importante deve ser a
capacidade dos pais de apreciar o mistério e a emoção de deixar que seu filho se torne aquilo que parece destinado a ser.
O respeito e o desenvolvimento da criança
As crianças precisam ter
primeiro a experiência de serem respeitadas para que possam então desenvolver o
auto-respeito, do qual advém o respeito pelos outros.
As crianças de dois anos
aprendem e observam as coisas o tempo todo e escutam tudo o que acontece ao seu
redor. Portanto, os adultos devem evitar falar a respeito de assuntos
inadequados na presença dos filhos. Não é porque ele está brincando que ele não
vai escutar o que estão dizendo.
Muitas crianças de dois
anos não gostam muito de beijos e abraços, menos ainda quando recebem ordens de
“dar um beijo de despedida na titia” e esta mais do que óbvio que elas não estão com a menor vontade de
faze-lo. Esse é um exemplo de nossa expectativa de que uma criança de dois anos
seja mais amadurecida do que os adultos. Algumas vezes ela talvez não queira
dar um beijo de despedida por motivos que, se formos bem sinceros, são mais do
que óbvios para nos.
Desapontamos tanto nossos
filhos quanto a nos mesmos quando voltamos a ser crianças que precisam da
aprovação dos pais, incapazes de assumir uma posição contrária a uma ideia ou ação
de nossos pais. Se conseguirmos permitir que nossos filhos nos desafiem, poderemos
ajuda-los a evitar uma situação desse tipo.
O não
A descoberta do não representa um marco importante e
significativo no caminho da independência do seu filho. A criança que ainda não
aprendeu o poder do não e não o
experimentou em sua plenitude ainda não descobriu o sentido de si mesma. É tão
importante dizer não quanto ouvir não. Se não tratarmos nossos filhos de
dois anos com esse respeito, certamente não poderemos esperar que eles sintam
que podem dizer não em certas situações especificas.
Como a criança de dois anos vê o adulto
A mãe e o pai (ou o
cuidador) são as pessoas mais importantes no mundo da criança de dois anos.
Eles realmente acreditam que nós sabemos tudo e podemos tudo. Tente encarar o
mundo a partir da altura de uma criança de dois anos – trata-se de uma visão de
mundo muito diferente. As mesas são grandes, as mobílias são enormes, os
adultos são gigantes. Em geral, quando conseguimos nos colocar no lugar delas,
ver o mundo através dos olhos delas, nossa raiva se dissipa e tudo se torna
mais simples. Torna-se possível perceber que nosso filho está assustado, com
ciúme, cansado, e passa a existir a oportunidade de descobrirmos uma maneira de
reagir que lhe mostre que entendemos o que está se passando.
Uma abordagem equilibrada
O que realmente parece
importante é o esforço dos pais no sentido de serem solícitos, de refletirem a
respeito do que a criança está fazendo em vez de reagirem. De nada adiante
tornar-se um escravo do “tiraninho” – mas também não ajuda ser um grande tirano.
Você sempre sairá vencedor porque conhece mais a vida.
Se quisermos que nossos
filhos se transformem em pessoas imaginativas, habilidosas e flexíveis, temos
uma oportunidade de ajuda-los, sobretudo quando eles estão na faixa etária dos
dois anos.
Disciplina X Castigo
É muito mais fácil reagir
ao que a criança fez do que refletir a respeito do significado dessa ação. Ou
seja, comportamo-nos como se fosse razoável esperar da criança de dois anos o
mesmo que esperamos de nós.
Quando batemos numa
criança, deixamos de pensar. Por que não nos damos o trabalho de explicar por
que nosso filho de dois anos não deve fazer o que acaba de fazer? Se formos
realmente sinceros, talvez porque nem sempre exista um bom motivo, simplesmente
achamos o comportamento dele embaraçoso e inconveniente. Quando determinado comportamento precisa ser
reprimido, pensar primeiro, raciocinar e explicar demora muito mais para
produzir resultados, mas é infinitamente mais gratificante.
A importância de brincar
Enquanto brinca, a
criança de dois anos esta aprendendo a diferenciar a imaginação da realidade,
descobrindo a maneira como as pessoas e as coisas se comportam no mundo. As crianças também brincam para lidar com as emoções
fortes, como o amor e o ódio, transferindo esses sentimentos para uma boneca ou
um ursinho.
O mais importante é que
brincar é um prazer. Na brincadeira a criança aprende formas criativas de
superar os obstáculos que a vida coloca diante dela. A capacidade de brincar
exerce um profundo efeito no desenvolvimento futuro da criança, assentando
bases que lhe permitirão continuar a enfrentar criativamente os osbstáculos da
vida, e ate mesmo apreciar um desafio.
Medos, ansiedades e mudanças de comportamento
A criança de dois anos já
pode se lembrar dos seus sonhos durante a noite, mas também pode ficar
assustada durante o dia lembrando de um pesadelo.
A chegada de um
irmãozinho, o inicio da vida no jardim da infância, um período de doença, uma
separação na família são motivos mais do que suficientes para que uma criança
de dois anos apresente alterações de sono, alimentação e comportamento.
Se as dificuldades são
logo percebidas, os pais são as pessoas mais adequadas a ajudar seus filhos a
supera-las.
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