segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Compreendendo seu filho de 2 anos





Susan Reid, da Clinica Tavistock
 Imago

Introdução
A partir de dois anos a criança deixa de ser um bebe que está aprendendo a andar e passa a ser um menininho ou uma menininha, e sua personalidade começa a se estabilizar.
Com dois anos de idade a criança é capaz de fazer muitas coisas que nós adultos fazemos, por isso é muito fácil criarmos expectativas insensatas com relação a ela e passarmos a trata-la como um pequeno adulto.
Anos mais tarde podemos ter um choque ao vermos uma fotografia do nosso filho aos dois anos de idade. Ele nos parecerá tão pequeno, pouco mais que um bebe, que seremos capazes de tremer ao lembrarmos o esperávamos dele...

Amando seu filho
Quando a criança está com dois anos, a maioria dos pais já conseguiu superar suas frustrações e já se acomodou às alegrias e às tristezas de viver com o filho que tiveram.
O importante deve ser a capacidade dos pais de apreciar o mistério e a emoção de deixar que seu filho se torne aquilo que parece destinado a ser.

O respeito e o desenvolvimento da criança
As crianças precisam ter primeiro a experiência de serem respeitadas para que possam então desenvolver o auto-respeito, do qual advém o respeito pelos outros.
As crianças de dois anos aprendem e observam as coisas o tempo todo e escutam tudo o que acontece ao seu redor. Portanto, os adultos devem evitar falar a respeito de assuntos inadequados na presença dos filhos. Não é porque ele está brincando que ele não vai escutar o que estão dizendo.
Muitas crianças de dois anos não gostam muito de beijos e abraços, menos ainda quando recebem ordens de “dar um beijo de despedida na titia” e esta mais do que óbvio  que elas não estão com a menor vontade de faze-lo. Esse é um exemplo de nossa expectativa de que uma criança de dois anos seja mais amadurecida do que os adultos. Algumas vezes ela talvez não queira dar um beijo de despedida por motivos que, se formos bem sinceros, são mais do que óbvios para nos. 
Desapontamos tanto nossos filhos quanto a nos mesmos quando voltamos a ser crianças que precisam da aprovação dos pais, incapazes de assumir uma posição contrária a uma ideia ou ação de nossos pais. Se conseguirmos permitir que nossos filhos nos desafiem, poderemos ajuda-los a evitar uma situação desse tipo.

O não
A descoberta do não representa um marco importante e significativo no caminho da independência do seu filho. A criança que ainda não aprendeu o poder do não e não o experimentou em sua plenitude ainda não descobriu o sentido de si mesma. É tão importante dizer não quanto ouvir não. Se não tratarmos nossos filhos de dois anos com esse respeito, certamente não poderemos esperar que eles sintam que podem dizer não em certas situações especificas.

Como a criança de dois anos vê o adulto
A mãe e o pai (ou o cuidador) são as pessoas mais importantes no mundo da criança de dois anos. Eles realmente acreditam que nós sabemos tudo e podemos tudo. Tente encarar o mundo a partir da altura de uma criança de dois anos – trata-se de uma visão de mundo muito diferente. As mesas são grandes, as mobílias são enormes, os adultos são gigantes. Em geral, quando conseguimos nos colocar no lugar delas, ver o mundo através dos olhos delas, nossa raiva se dissipa e tudo se torna mais simples. Torna-se possível perceber que nosso filho está assustado, com ciúme, cansado, e passa a existir a oportunidade de descobrirmos uma maneira de reagir que lhe mostre que entendemos o que está se passando.

Uma abordagem equilibrada
O que realmente parece importante é o esforço dos pais no sentido de serem solícitos, de refletirem a respeito do que a criança está fazendo em vez de reagirem. De nada adiante tornar-se um escravo do “tiraninho” – mas também não ajuda ser um grande tirano. Você sempre sairá vencedor porque conhece mais a vida.
Se quisermos que nossos filhos se transformem em pessoas imaginativas, habilidosas e flexíveis, temos uma oportunidade de ajuda-los, sobretudo quando eles estão na faixa etária dos dois anos.

Disciplina X Castigo
É muito mais fácil reagir ao que a criança fez do que refletir a respeito do significado dessa ação. Ou seja, comportamo-nos como se fosse razoável esperar da criança de dois anos o mesmo que esperamos de nós.
Quando batemos numa criança, deixamos de pensar. Por que não nos damos o trabalho de explicar por que nosso filho de dois anos não deve fazer o que acaba de fazer? Se formos realmente sinceros, talvez porque nem sempre exista um bom motivo, simplesmente achamos o comportamento dele embaraçoso e inconveniente.  Quando determinado comportamento precisa ser reprimido, pensar primeiro, raciocinar e explicar demora muito mais para produzir resultados, mas é infinitamente mais gratificante.

A importância de brincar
Enquanto brinca, a criança de dois anos esta aprendendo a diferenciar a imaginação da realidade, descobrindo a maneira como as pessoas e as coisas se comportam no mundo.  As crianças também brincam para lidar com as emoções fortes, como o amor e o ódio, transferindo esses sentimentos para uma boneca ou um ursinho.
O mais importante é que brincar é um prazer. Na brincadeira a criança aprende formas criativas de superar os obstáculos que a vida coloca diante dela. A capacidade de brincar exerce um profundo efeito no desenvolvimento futuro da criança, assentando bases que lhe permitirão continuar a enfrentar criativamente os osbstáculos da vida, e ate mesmo apreciar um desafio.

Medos, ansiedades e mudanças de comportamento
A criança de dois anos já pode se lembrar dos seus sonhos durante a noite, mas também pode ficar assustada durante o dia lembrando de um pesadelo.
A chegada de um irmãozinho, o inicio da vida no jardim da infância, um período de doença, uma separação na família são motivos mais do que suficientes para que uma criança de dois anos apresente alterações de sono, alimentação e comportamento.

Se as dificuldades são logo percebidas, os pais são as pessoas mais adequadas a ajudar seus filhos a supera-las.

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